sábado, setembro 10, 2011

Migalhas



E depois de tudo (e tudo não é pouca coisa), tem que se contentar com as migalhas que caem da mesa. Tudo é frágil e inseguro, só há neblina, não se vê o horizonte.

O pulso ainda dói, os dedos estão sem joias, o coração sangra sem parar. Não tem médico, não tem remédio nem ninguém que se importe ou ofereça ajuda. Omissão de socorro.

Sem fotos, sem compensações, sem futuro. O que resta é um quartinho pequeno, solitário, longe do romantismo dos ares franceses.

Naná Coutinho

segunda-feira, maio 09, 2011

Do jeito que saiu


Eu sou de sorriso fácil, sou de amar com intensidade, sou de abraçar com força as pessoas que eu gosto. Os meus olhos não me deixam mentir quando estou triste ou feliz; tudo fica explícito e denunciado.

Eu gosto de cores, muitas cores!, gosto é do exagero, da intensidade. Prefiro noites bem vividas às bem dormidas. Tenho vontades súbitas e quando quero, quero pra já, faço agora, vou atrás, sou incansável.

Mas hoje me peguei encolhida no canto da cama, cabelo desajeitado, vestindo um pijama cinza amassado e calçando um par de velhas meias brancas; não consegui amar, não consegui gritar, não saí pra sambar, não abracei ninguém, não senti calor.


Naná Coutinho

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Calafrio



Desafios, dissonância, um mundo inteiro e eu querendo um só lugar. Agora eu tenho asas e posso voar o quão alto quiser, mas tudo que eu quero é ter um ninho confortável para pousar quando voltar. Não que o cansaço me vença com facilidade ou que o mundo tenha se tornado desinteressante e pequeno; não, mesmo. Mas não posso negar que lá no alto do céu o mundo era muito mais bonito quando eu via tudo tão pequeno lá embaixo com você ao meu lado; eu tinha comigo o que realmente importava, o pouco que faltava para me completar, era quase nada, parecia fácil demais conseguir. A melhor parte do dia era quando podia repousar as minhas asinhas cansadas nos seus abraços, me "ingrupir" e me confortar no seu quentinho. Hoje apenas pairo por lugares que não são meus, onde não me encontro, onde não quero me encontrar.

Tive tanto medo que você deixasse a minha vida, que acabei esquecendo que você estava logo ali, ao meu lado, me prestando atenção com os olhos pequenos. No final, depois de me perder de mim mesma, acabei perdendo você. Devagar, tento catar os meus cacos e corto a garganta com cada pedaço de vidro que tento engolir. Essa culpa eu também carrego, errei tanto - e por tantas vezes repeti o erro - que hoje não tenho o mérito da chance real. Errei... errei.... errei... Que atire a primeira pedra quem nunca cometeu os mesmos erros muitas vezes! Que a minha vida se acabe aqui se alguém nunca encarou uma sobracelha levantada e um olhar de reprovação, duvidoso e impaciente, quando jurou que não cometeria o mesmo deslize! Sim, eu erro, eu errei, mas também soube ser impecável, então, que a derrota me perdoe, mas eu não vou me sentir mal ao ponto de me jogar na lama. O lado que se escolhe ver é o lado que se quer ver, nada mais do que isso.

Hoje ainda me confundo entre as suas coisas, que agora estão minhas, mas nunca foram nossas, você nunca quis que fossem. Tudo o que me resta e eu ainda posso chamar de meu, que eu não divido e ninguém pode mensurar, é esse sufoco preso na garganta, a vontade de gritar para o mundo entender que eu preciso de você na minha vida. Fico com o assombro de ver desaparecer tudo que um dia realmente foi nosso. Tenho medo de olhar para dentro e não mais encontrar o amor que você me ensinou a fazer, sinto um frio me subir a espinha ao ver congelar pouco a pouco o calor que nem o maior inverno poderia calar. E, se um dia, de tanto tentar me perder, tiver esquecido você, não saberei mais quem eu sou, mas seguirei um caminho que me levará a algum recomeço sem sentido. Talvez, lá na frente, a rosa vermelha abandone a garrafa de vinho e decida, depois da constante embriaguez, que as suas pétalas voltem ao pó, ao nada que eram antes de você colocá-las em minhas mãos.


Sem mais, fico com o frio escuro e úmido que o quentinho deixou.

Naná Coutinho

terça-feira, setembro 28, 2010

Estação Final



Vivian vestiu uma calça colada, daquelas que se usa para malhar, que marcava despudoradamente sua bunda redonda e firme, calçou o tênis e foi para a praia. Entre um passo e outro, caminhava com o seu corpo de mulher e atraía os olhares de muitos. As suas medidas abusavam da femilidade, seus longos cabelos lisos e loiros voavam com suavidade ao mais leve toque do vento. Qualquer homem faria de tudo para ter uma só noite com ela, muitos e muitos outros, ao conhecê-la de verdade, não a deixariam ir embora jamais.

Ainda assim, Vivian não se importava com os elogios, cantadas ou com os homens que ela teria a hora que quisesse, tudo isso sempre lhe pareceu vazio, nunca serviu para que ela se sentisse melhor. Talvez precisasse de um pouco de autoestima, mas acho que não era esse o caso, ela só queria mais, esperava por algo que fizesse sentido em sua vida, o mundo estava embaçado demais. Quem a olhasse, não conseguiria jamais imaginar quantas peças a vida já teria pregado àquela face sincera e jovem, por quanta coisa ruim ela havia passado. O rosto de menina e o corpo de mulher falavam bastante sobre a personalidade de Vivian: alguém que cresceu com as dificuldades e dores que a vida lhe impôs, mas não perdeu a doçura e o encanto de uma criança, ainda sabia admirar pequenas belezas da vida e valorizar o amor. Força e otimismo eram as suas palavras preferidas, foi assim que ela conseguiu sobreviver às rasteiras que o mundo lhe deu.

Um passo de cada vez, respire, olhe o mar, olhe as estrelas e sinta o vento, isso sempre acalma... Chegava ao final da praia de Copacabana, seguia para o Arpoador, quando passou por um mendigo que sentava em cima de um saco cheio de tralhas, que provavelmente havia levado o dia inteiro para catar, e observava um desses cantores de barzinho que tocava em um dos quiosques. Era tudo que ele tinha. Não lhe importavam as horas ou que dia da semana era. Momento: era tudo que ele queria ter. Vivian parou, fingindo se alongar, para tentar sentir um pouco do que aquele homem passava naquela hora, parado na frente de um lugar onde pessoas comiam, bebiam e davam risadas. E, mesmo sozinho, talvez com fome e com sede, ele estava ali, não pedia nada, não queria mais nada, só ficar sentado, ouvindo a música. Seus olhos brilhavam e era estranho enxergar alguma felicidade no rosto daquele homem.

A vida segue o tempo inteiro, incansável, rumo ao nosso último dia, ao último suspiro, ao último momento. Então, Vivian continuou com seus passos firmes até o Arpoador, enfrentou seu medo de altura, encarou o seu medo do mar, ainda mais à noite. O medo não fazia mais sentido, era pouco. Agora nada mais importa, só a calma, só a paz. Vivian olhou para cima, subiu no alto da pedra e ficou por lá.

Naná Coutinho

quarta-feira, setembro 22, 2010

Hold on


Quem me olhar agora lerá em meu rosto algo abobado, verá um sorriso e olhos perdidos no espaço. Uns dirão que esse era do bom, outros dirão que borboletas cintilantes me visitam, o insensato dirá que borboletas não voam à noite. Mal sabe ele, coitado! É nessa hora que elas mais gostam de fazer cócegas em meu estômago.

Se me perguntarem o que está acontecendo, direi que sinto-me apaixonada e renovada, como se visse pela primeira vez os olhos pequenos olhando para mim, agora com a promessa de um recomeço.

Posso dizer que encontro-me estranhamente feliz e viva. Conto os dias e as horas, com uma ansiedade boa e alegre. E vem não sei de onde uma clareza e leveza tão sólidas! Agora, sim, acredito de verdade no que sinto! Agora, sim, o que sinto deixou de ser só esperança e passou a ser certeza! A inspiração tomou corpo de um lindo homem de abraço quente, apertado e macio.

Naná Coutinho

terça-feira, setembro 14, 2010

Votos


Eu prometo ficar ao seu lado e protegê-lo, na saúde e na doença, superar os momentos de tristeza e fazer você ficar alegre.

Eu sei que sou uma mulher que age com o coração, sei que dentro de mim existe uma explosão calada de sentimentos que, às vezes, se projeta para fora de mim, por isso estou certa que você é o meu parceiro, meu amante e meu melhor amigo. É por você que o meu coração bate desesperadamente e nesse momento é isso que te prometo: deixar o meu coração em suas mãos e ter a tranquilidade e a certeza de que ele será bem cuidado. Eu me prometo a você.

Eu sou otimista, tenho esperança até quando tudo parece perdido, mas não tenho certeza de nada. O futuro eu não posso garantir, mas digo que serei melhor agora. Depois? Quem pode saber? Mas no meu coração, eu tenho uma certeza: eu amo você.

E não se pode deixar quem se ama apenas com memórias.

Naná Coutinho

segunda-feira, agosto 30, 2010

Do amor e da merda



Amar é humano. E é por isso que nenhum amor, nenhuma relação é perfeita, esse sentimento é feito de pessoas e pessoas erram, pessoas têm suas vidas, cada uma com as suas histórias, cada uma com os seus valores e princípios.

É impossível não errar, mas isso não significa que contos de fada não existam. A Cinderela sofreu nas mãos da madrasta e das irmãs malvadas. Branca de Neve foi perseguida pela rainha que, por pura inveja, queria vê-la morta e, por isso, foi obrigada a viver em uma cabana minúscula no meio da floresta, onde ela mal cabia, e virar empregadinha de sete anões folgados e tarados. A Bela precisou dar uns "pegas" em um monstro horroroso e bafeta para o cara ficar bonitão. Enfim, o que quero dizer é que até nos contos de fada desgraças acontecem. Se um dia eu tiver filhos, não vou deixar de ler essas histórias para eles, mas vou fazer questão de explicar que o "felizes para sempre" não significa perfeição, mas, sim, superar a merda maior e ficar bem, ficar junto de quem se ama. Prestem bem atenção: não digo que a vida gira em torno de um amor e que precisamos de um príncipe encantado para termos um "final feliz", mas digo que o conto de fada pode representar um belo exemplo de relação amorosa, se não o virmos como "pau e pedra".

A nossa felicidade, claro, não depende especificamente de alguém, mas esse papo de dizer que a felicidade de cada um está dentro de si mesmo é muito Paulo Coelho, né?! Nossa felicidade depende, sim!, de fatores externos. Se tomamos um "pé na bunda", ficamos fodidos de grana, somos traídos, nós ficamos tristes, toneladas de merda derramam-se sobre as nossas cabeças, e isso é tão HUMANO! Até onde eu sei, nesse mundinho cão em que fomos criados, quem ama alguém quer algo em troca: quer amor, quer carinho, quer fidelidade, quer amizade, quer respeito, quer companheirismo e mais uma série de coisas. O amor é uma TROCA. Se essa troca falha, se faltamos com algum desses valores e sentimentos, graças a esse refúgio que temos como seres humanos, chamado "erro", a única saída é "correr atrás" do prejuízo que causamos ao outro. Magoar alguém que se ama é pior do que ser magoado, tira a paz. É nessa hora que podemos fazer o que não poderíamos normalmente, que engolimos nosso orgulho e fazemos de tudo para fechar a ferida que abrimos, por mais que saibamos que as cicatrizes ficam.

É completamente humano que o ser atingido sinta-se mal, sinta-se menos, sinta-se rejeitado e fique perdido, sem saber o que pensar quando a tal "troca" tropeça. A confiança fica completamente estremecida e isso não muda sem que o tempo ajude, e o tempo não ajuda se o indivíduo que fez a cagada não se empenhe em limpá-la. Só um paninho não resolve, é preciso muito esforço para deixar tudo impecável, na medida do possível, para que não se sinta o mínimo cheiro de merda no ar. É preciso também um esforço de quem está cagado, o ser emplastrado não pode entrar numa "onda" de deixar que as merdas que estão em sua cabeça continuem transbordando. Se o cagão se dispôs a limpar, deixe-o cumprir com a sua tarefa e dê uma "mãozinha", se necessário. O trabalho maior TEM que ser dele, claro, mas você pode ajudar. Isso também é amor.

Naná Coutinho

sábado, agosto 14, 2010

Parafuso

Ontem eu era bonita, alegre, amada e acreditava em contos de fada, mas a vida, com um só sopro, levou-me para longe de tudo que eu fui, arrastou a minha cara por uma longa e estranha estrada de terra batida. Ficou difícil me olhar no espelho e não sentir pena de mim mesma.

Talvez eu mereça cada arranhão, cada ferida, mas ainda assim é difícil aceitar que, de repente, tenham levado tudo de bom que eu tinha. Não, não é justo! Dor, é tudo que eu sinto, é tudo que eu não quero mais sentir. Faz passar, doutor? Ah! Não tem remédio pra isso, né?! Mas e aquele tal de chumbinho que eu ouvi falar? Dizem por aí que é rapidinho, anestésico mais rápido e eficiente não há. Uhm, o senhor não pode receitar nada para curar a alma, né?

Então, vou ficar aqui, quieta no meu canto, onde ninguém possa me ver e deixar a dor sangrar até secar.

Naná Bia

domingo, dezembro 27, 2009

...(?)



Vergonha não era exatamente o que ela sentia e nem era o que ela deveria sentir, afinal, ela só sentia falta e isso doía, incomodava e a fazia tomar atitudes descabidas, e imaginar coisas para sentir menos...ou sentir mais do que não tinha, sei lá. O fato é que ela estava com a cabeça fodida e fez o que achou melhor, e achou que o melhor fosse tentar uma aproximação, pensou que quando se gosta de alguém, o melhor é estar junto. Não foi assim nos últimos dias, não foi assim no Natal, não será assim quando os fogos de Copacabana estourarem e anunciarem um novo ano e não foi assim lá na festa de casamento, na qual ela encheu a cara para tentar esquecer. Sophia, Sophia...quanta inocência!


A festa foi realmente boa e, na hora, sim, ela conseguiu ignorar um pouco a dor e a falta que Raoni fazia. Uma linda praia, um dia de sol, um quiosque todo enfeitado...Comeu, bebeu, brindou, riu, ficou rica, conheceu gente nova e até esqueceu-se do medo que tem do mar, mas chegou o momento da brincadeira acabar e a vida voltou a ser séria com ela. Ela sentou-se no barco, do qual ela já não tinha mais medo também, apesar da escuridão que a rodeava e a fazia sentir-se tão pequena, tão pouco e seguiu até o porto, onde a realidade voltou a tomar a sua forma monumental e assustadora. Sophia percebeu que a única coisa que o álcool a fez esquecer foi o bom senso. Os momentos de alegria ficaram para trás, ela deixou na ilha, só ficou com a angústia e a saudade que apertavam a sua garganta e a sufocavam. Raoni não estava lá para ajudar. “Maldito amor que se ama, mas não se pode estar junto”, pensou Sophia.

Sophia entrou no ônibus gelado, ainda cheia de areia da praia, e tentou durante toda a viagem encontrar uma posição que fizesse sua cabeça doer menos e se enrolou na canga úmida para sentir menos frio. Tentou dormir, mas não conseguia parar de pensar nele e no quanto a vida estava sendo injusta com ela: “por que me permitir sentir tanto por nada?”. A viagem de três horas pareceu ter durado dias. A primeira coisa que ela fez ao chegar em casa foi ligar para Raoni. Pela sua voz, ele parecia estar bem, tranqüilo e não se importar muito com a ausência de Sophia. Sua vida seguia e ela teve a certeza de que ele fez o que foi melhor para ele, só para ele. Sophia tomou banho, deitou-se na cama, olhou algumas vezes para o celular e o álcool fez o que poderia ter feito de melhor naquele dia: ela caiu rapidamente no sono.

Sophia acordou com uma tremenda ressaca, mas não foi a dor de cabeça que a impediu de levantar-se da cama e, sim, os pensamentos, que a invadiam como toneladas de merda que transbordam de bueiros em dias de tempestade. Ela tentou adormecer novamente, mas dormir também não era a melhor solução, os pesadelos costumavam ser ainda maiores e reais. Ela se virava de um lado para o outro, tentando encontrar o conforto de um abraço que não tinha, arriscava imaginar que quem ela queria estava ali, mas não funcionou, apertava os seus braços em volta de si mesma, apertava o travesseiro com força, mas ele não tinha o cheiro e nem o calor de Raoni, o seu rosto e expressões de criança desprotegida não estavam ali para ela olhar e se encher de felicidade, então chorou, sozinha, com o rosto enfiado entre os lençóis, desiludida por não encontrar um abrigo.

O modo que conto o que se passa com Sophia, provavelmente, não é a melhor forma de contar, talvez não se veja um filme da real dor pela qual ela passa, mas eu só estou aqui quebrando um galho, porque quem sabe contar de verdade não está aqui para ver o que acontece com Sophia, o que aconteceu e o que acontecerá. Se esse conto terá continuidade, não sei, só o tempo dirá. Enquanto isso, Sophia sabe, Raoni e sua sombra serão sempre a sua lembrança.

Naná Coutinho

sexta-feira, novembro 20, 2009

Low Light




Nuvens passeiam.....

Cambaleando, é o que eles dizem.

Ou seria simplesmente o meu jeito?
O vento sopra.

Luz baixa....

Distraí-me.

Luz baixa....

Não consigo ver meu caminho...

Seu perfumado caminho de volta.


Posso ficar aqui sozinho?

Abra uma trilha de volta para casa.

O Sangue corre seco.

Livros e Inveja me enganam.

Tudo o que eu sinto é calma.

Voz desliza.

Luz baixa....

Batida de carro.

Luz baixa!


Não posso vestir minha máscara.

A sua primeira, a minha última.


Vozes se perdem....

Dois pássaros é o que eles irão ver,

Se perdendo em seus caminhos.


Ventos sopram!

Luz baixa...

Visão!

Luz baixa!!!

Eu preciso da luz.

Vou achar esse meu caminho a partir do erro.

O que é real?

Seu sonho, agora entendo.




Música: Low light
Compositor: Jeff Ament (Pearl Jam)
Álbum: Yeld






sexta-feira, junho 26, 2009

sábado, abril 11, 2009

Fraqueza


- Te peguei! Te peguei! - Grita o palhaço da boca borrada.

Ecoa, ecoa, ecoa...

terça-feira, dezembro 23, 2008

Sem sentido



Alguém com sabedoria me disse que as loucuras da vida não podem cegar os nossos olhos e endurecer nosso coração.

A loucura: que mundo insano. As pessoas correm para onde? A mensagem revive: Tudo debaixo do céu é vaidade...

Quanta loucura, quanto cansaço, quanta escravidão, quanta opressão. Opressão de mentes, opressão de idéias, opressão do tempo!

O tempo, uma vida. Queimando o tempo. Para quê? Para quem?

O caminho não importa mais. Queremos o fim. Seja em outra dimensão, seja na vaidade terrena.

Esqueço dos meus passos, e desmanchando rostos da memória só enxergo espelhos. E nessa selva de espelhos me perco, em um labirinto insano, rude, seco.

Ajoelho e rezo. Quero meu caminho de volta. O caminho. O humano. O solo. A argila. O simples.

O agora.

Amém



segunda-feira, outubro 20, 2008

A última Carta


A última carta é dor
O pesar do coração
A morte da esperança que resseca no outono
[Cai]
O peito recolhido em desilusão
Tristeza por um grande amor que se vai
Doces lembranças
Descem tão amargas pela minha garganta

A última carta é o desalento
O desespero que passou
Corpo anestesiado pela dor
A vontade de viver que permanece
Que faz continuar
O desejo de ser mais forte que o fraquejar
[Lutar]
Seguir
Sem você
Com você
Sem te ter em meus braços
Sem os teus abraços pra me confortar
OBRIGADA a desistir da minha maior quimera
[Dor...]

A última carta é lágrima
Pranto real
Final
Tristeza por ter tanto por alguém
Que tão pouco tem por mim
[Entregar-me]
Entregar-te aos beijos de outra
Com quem viverás o que um dia foi nosso
Dividirás uma cama
Somar-se-á em seus braços
Morrerás no último gemido
Darás o teu gozo
Dormirás abraçado

A última carta é um punhal
A amargura cravada
Entrelaçada em meu peito
A agonia que me afasta do teu beijo
Do teu peito
A tua história mais recente
Eu não contarei
É quando vou
É quando você vai
Para não mais voltar

A última carta é a realidade
Dura
Triste
Aquela que vem depois de um sonho perfeito
Real
Que se deseja pra sempre sonhar
Sonho no qual fui tão feliz
A mais feliz das mulheres
Pena que não foste comigo o mais feliz
[Erro meu]
Quanto arrependimento...
Tu merecia
Nós merecíamos...

A última carta é recordação
De tudo que fomos juntos
E até daquilo que não fomos
Que não vivemos
Que viveríamos
A saudade do que não aconteceu
Desejos guardados num baú
Clausura onde se encerra um grande amor
Amor que me fez viver
Que me fez melhor
Que me fez mulher
Amor que fez a rosa branca desabrochar
O amor maior
Como jamais conseguirei de novo amar

Naná Bia

domingo, outubro 19, 2008

O grande


Vai chover de novo, deu na TV
Que o povo já se cansou de tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui que reze ajuda de Deus
Mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim
Vem cá que ta me dando uma vontade de chorar
Não faz assim, não vá pra lá
Meu coração vai se entregar à tempestade
Quem é você pra me chamar aqui se nada aconteceu?
Me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher? Você me parecia tão bem!
A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV que eu vou de vez
Não há porque chorar por um amor que já morreu
Deixa pra lá, eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade.

Santa Chuva - Marcelo Camelo

sábado, outubro 18, 2008

Ausência


Depois dos gritos da flor
Se fez silêncio tão de repente
Uma lacuna, onde o ar se perde
O desespero chega como um presente da dor

A flor só quis se sentir amada
A bailarina mais formosa do jardim
Uma deusa adorada por seu querubim
Mas feneceu por não ser cultivada

A rosa só precisa de água
E de um bom solo para desabrochar
É o mínimo,
É tudo que precisa para não despetalar

Mas o amor da flor se foi
E com um passo em falso a pisou
A sua vida ressecou
Agora, só resta a dor que a corrói

Naná Bia

sábado, abril 05, 2008


Minha fala é como o mar,
Quem mergulha nela,
Aprende a me ver dentro dela,

Escrever na Areia,
Contar Estrela,
Significante pra mim.

Viver a vida a cada instante,
Ter nas veias a paz de um viajante,
Mas ter a luz dos ohos de um pescador,
Tanto entender de onde vem o saber.

Campos verdejantes,
Lindas florestas,
De tudo que é belo em nós,
Todos os segredos,
Sonhos esquecidos,
Tudo que se foi mas voltou.

E como a onda que rasga todo o mar,
Me rasguei de tudo o que vivi,
E no mais íntimo momento de mim,
Encontrei todo amor,
Dele vem o saber.

No mais íntimo momento de mim - Catedral

sábado, março 29, 2008

Anyone Else But You

Musiquinha do filme Juno. Filme bom demais...

Mais um filme para a nossa coleção, morena. Foi bom demais ver esse filme com você...with anyone else but you.

You're a part time lover and a full time friend
The monkey on your back is the latest trend
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

Here is the church and here is the steeple
We sure are cute for two ugly people
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

We both have shiny happy fits of rage
I want more fans, you want more stage
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

You are always trying to keep it real
I'm in love with how you feel
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

I kiss you on the brain in the shadow of a train
I kiss you all starry eyed, my body's swinging from
side to side
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

The pebbles forgive me, the trees forgive me
So why can't, you forgive me?
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

Du dududu dududu du dududu
Du dududu dududu du dududu
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O POETA E A ROSA


E com direito a passarinho


Ao ver uma rosa branca

O poeta disse: Que linda!

Cantarei sua beleza

Como ninguém nunca ainda!


Qual não é sua surpresa

Ao ver, à sua oração

A rosa branca ir ficando

Rubra de indignação.


É que a rosa, além de branca

(Diga-se isso a bem da rosa...)

Era da espécie mais franca

E da seiva mais raivosa


- Que foi? – Balbucia o poeta.

E a rosa: - Calhorda que és!

Pára de olhar para cima!

Mira o que tens a teus pés!


E o poeta vê uma criança

Suja, esquálida, andrajosa

Comendo um torrão da terra

Que dera existência à rosa.


- São milhões! - a rosa berra

Milhões a morrer de fome

E tu, na tua vaidade

Querendo usar do meu nome!...


E num acesso de ira

Arranca as pétalas, lança-as

Fora, como dar comida

A todas essas crianças


O poeta baixa a cabeça

- É aqui que a rosa respira...

Geme o vento. Morre a rosa.

E um passarinho que ouvira


Quietinho toda a disputa

Tira do galho uma reta

E a inda faz um cocozinho

Na cabeça do poeta.



Vinicius de Moraes

sábado, junho 16, 2007

Um barco




O erro é foi meu estribo. Quisera eu ter ouvido, quisera eu ter tido a clareza. Quisera eu ter sabido sem ter vivido.

Era só um simulacro convincente...


Ah, os olhos....Quando estes são bons, a alma também é.

Quase morri quando caí em mim. Quase morri quando correndo dentro da névoa percebi a aproximação de uma noite sem fim. Ah, como eu quis o sol! Como eu quis aqueles dias. Como eu quis voltar pra quem era eu.

A coragem de ir não se compara a coragem de voltar. Voltei.

Louco? "É quem me diz e não é feliz...."

Meu passo é firme. Meu caminho agora é seguro. Mas não foi a segurança, foram as flores no caminho e o sol a me guiar.....

O Sol, incomparável.

Morena, quando sinto os teus sinais, é impossível conter o riso, a alegria, a recompensa e o abraço de Deus.

"E agora o amanhã....?" Tá aqui!

Amo o sol.

Feliz.

Gui.

sábado, março 31, 2007


A noite está tão brilhante, tão barulhenta, tão intensa.

Criança adulta, sorriso malicioso, canto sedutor.

Entra, arromba a porta, altera minhas sinapses.

Dança, leva, embala.

Desistir? Preguiça de dormir.

Escolho o suor, a dor, a paixão, as redes.

Corro. Incrível, eu corria!

Durmo. Durmo no lado escuro da lua.

Febre. Nunca poderia ficar impune.

Aquela noite...tão brilhante, tão barulhenta, tão intensa.

quarta-feira, março 21, 2007

SAMBA SÓ



Vamos sambar para celebrar
O palhaço triste que me faz chorar
O sol que não quer sair
O amor que não vai voltar

Pegue na mão da moça
Leve-a para o meio do salão
Faça para ela uma bossa
Desperte o ritmo de seu coração

Surpreenda a triste donzela
Esta dama que, com sua dor, passa tão bela
Tem os pés doloridos de tanto dançar

Tudo que ela quer nessa vida é ser feliz,
Mas, novamente, se vai a pobre Dançatriz
Só, a esperar por seu verdadeiro par


Naná Bia

sábado, março 10, 2007

MUITAS, MAS, NÃO, EU


Eu tenho medo de mar,
De mato
E de gente

Eu tenho medo de amar
E do que mata
O amor da gente

Naná Bia

domingo, fevereiro 11, 2007

VOAR


Pairando, cansada, pela vida sem ti
Exaurida por tudo que perdi, sofri
Guardo comigo o teu cativante sorriso
Tanto quanto lamento o teu adeus tão conciso
Assim sigo em frente entoando meu canto de amor
Venha ver, meu pássaro barro, é a tua flor.
Foi por ti que ela cultivou belas asas
Desabrochou, curou-se das chagas
Chegue mais perto da tua passarinha branca
Sinta a dor que em seu peito estanca
Um coração que chora ao ver o teu bloco passar
Não demore demais, meu bichinho...
A tua flor já não tem mais espinho
Acredite: tudo que ela quer é te amar

Naná Bia

terça-feira, janeiro 16, 2007

Debaixo da Sacada



Alguma coisa está errada
Inquieta
Incerta
Grudada

Talvez tenha sido culpa daquele momento -
Quando decidi esquecer de você
Perdi-me na confusão de meus pensamentos
Mas levei o seu sorriso guardado comigo,
Estampado em meu rosto,
Pra lembrar que guardei tudo de bom que me deu

Sigo.
Com a calma de quem quer morrer devagar
Triste
Manso
Calado

Pra agüentar essa dor no peito,
Cansado de tantas noites mal dormidas,

Ouvindo o coração reclamar...
Clamar por você

Se não nasci pra te ter,
Vivi pra morrer.
Descanso
Ferido
...a rosa despedaçada

Eu não sabia que amar doía...

Naná Bia

sábado, janeiro 13, 2007

Interlúdio


Interlúdio....


"s. m., Mús.,
pequena peça de música instrumental, intercalada entre as várias partes ou trechos de uma composição mais longa e mais importante."

"Oh help me....help from myself"

Myself

Myself

Interlúdio na ponta do pêlo do coelho....O crepúsculo....A dúvida!

Será que sou puro o suficiente, o necessário? Será que guardei meu coração para vislumbrar as saídas da vida?

Queria conhecer os acordes da próxima canção.....



Gui.

sábado, janeiro 06, 2007

Crepúsculo




O crepúsculo!

" Crepúsculos são os instantes em que o céu próximo ao horizonte no poente ou nascente toma uma cor degradée, entre o azul do dia e o escuro da noite. Normalmente acontecem no instante em que o Sol, "ao nascer" ou "se pôr", encontra-se logo abaixo da linha do horizonte marítimo, sendo que em alguns casos, como em regiões montanhosas, podem ocorrer antes do pôr-do-sol ou depois do nascer do astro, nesse momento é que os navegadores conferem sua posição estimada , comparando a abertura esperada em graus com a observada do horizonte ao astro"

Abro meus olhos, sem a noção do tempo, sem referencial, sem ponteiros....Olho para o horizonte. O crepúsculo.

O crepúsculo é a dúvida. O crepúsculo é a iminência do romper da aurora, ou do deitar da noite.

Quisera eu ter ponteiros, quisera eu ter a ciência dos navegantes...pra saber onde estou.... e quando estou.

Porém.

Porém, venho me desfazendo de ponteiros. Venho me afastando de ciência.

Ciente?

Dá vontade de mergulhar no crepúsculo, e lá me perder.....ou me encontrar.

Guilherme





quarta-feira, dezembro 06, 2006

A Puta


Existe essência quando se fala em moral, em valor? Ou são apenas construções?

O homem olha cada vez mais só pra si. Soam belas as palavras hedonistas em um mundo tão relativizado. "Faze o que queres, esta é a lei!" O que importa é o aqui, o agora, e principalmente e fundamentalmente: o EU. O EU nunca esteve tão cheio de si. E é assim que o GRANDE EU se perde e se torna NADA se torna desprovido de qualquer valor.

Tão vazio, tão vulgar.......

Quando o homem entende a existência como uma experiência social, quando pára de adorar o EU e percebe o outro, o próximo, a vida se enche de valor, se enche de propósito, ganha norte. E palavras tão "caretas" como valores e moral passam a ter algum sentido. Mais que isso, o que chamam felicidade ganha contornos mais reais.

Ame a vida. Ame a Deus. E siga a lei! E a lei é: Ame filhinho! Ama o teu próximo, e ame como a ti mesmo!

O mundo........

O mundo se prostituiu. Vem trocando o valor das relações, o valor da beleza, o valor do corpo, o valor do sexo, o valor do outro, o valor da mente, o valor dos sonhos......por uma prostituta. A puta infeliz: "EU".

Guilherme

quinta-feira, novembro 30, 2006

Bobinho ☃


Foi no natal passado
Quando compramos um pinheirinho
Eu tive que insistir um pouquinho
Mas no final também foi de teu agrado

No carnaval tu foste passear
Deixou a mim e ao pinheirinho
Meu coração ficou pequeneninho,
A nossa plantinha não pôde suportar

O pinheirinho ficou ressecado,
Morreu sem ter teus cuidados
E a tua branquinha flor,

Murchou tristinha sem teu amor

Naná

domingo, novembro 26, 2006

Força




Mãos cansadas
Não têm mais onde segurar
Fez o que pôde,
Machucou-se,
Sangrou,
Agarrou-se em cada fagulha de esperança,
Segurou firme o seu amor
Por todo esse tempo meu coração manteve-se aberto a ti
Sempre pronto pra te receber
Esse foi o meu erro

Por saber do amor e carinho que te guardava
Deixou-me de lado
Abandonada ao tempo
Estática,
Aguardando pela tua volta
Mas o tempo me foi companheiro
A vida me trouxe muitas coisas boas
E o meu peito se manteve firme

Ignorastes tudo de mais belo que poderia te dar
Hoje continuo aqui
Mãos feridas,
Coração abatido,
Mas a minha alma se eleva
Sou mais bela que antes
E persisto oferecendo-te este coração
Puro
Sincero
Que sangra ao ver-se ignorado

O tempo deixa marcas
Que aos olhos insensatos pode parecer disforme,
Incurável.
Lamento por estes tristes observadores...
Tudo pode ser melhor do que antes!
Só quem ama sabe da força que esse sentimento possui,
Só os apaixonados conhecem a verdadeira delícia de viver.


Naná

sexta-feira, outubro 20, 2006

Falta



Como eu queria acordar um só dia
E não pensar nos teus abraços me prendendo em seu corpo
Abrir a janela, olhar o céu azul
E não lembrar dos nossos verões,
Da felicidade de viver e ver mais um dia de sol ao teu lado.
Que falta fazes também num dia cinza como esse...
Costumávamos nos embolar entre os cobertores,
Assistir bobagens na tv...
Ah, o nosso almoço às quatro da tarde...
Nunca mais senti aquele gosto no meu macarrão.
Por mais que eu sorria,
Por mais que eu me divirta,
Penso que seria muito melhor se pudesse dividir tudo isso contigo
Enquanto isso, sobrevivo esperando pela tua volta.


Naná

"Eu te amo calado como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz..."

quinta-feira, outubro 05, 2006

O Ritmo da Chuva



Olho para a chuva que não quer cessar
Nela vejo o meu amor
Essa chuva ingrata que não vai parar
Pra aliviar a minha dor

Eu sei que o meu amor pra muito longe foi
Numa chuva que caiu
Ó gente, por favor, pra ela vai contar
Que o meu coração se partiu

Chuva traga o meu benzinho
Pois preciso de carinho
Diga a ela pra não me deixar
Triste assim

O ritmo dos pingos ao cair no chão
Só me deixa relembrar
Tomara que eu não fique a esperar em vão
Por ela que me faz chorar

Chuva traga o meu benzinho
Pois preciso de carinho
Diga a ela pra não me deixar
Triste assim

O ritmo dos pingos ao cair no chão
Só me deixa relembrar
Tomara que eu não fique a esperar em vão
Por ela que me faz chorar

Ó chuva traga o meu amor,
Chove chuva traga o meu amor!
Ó chuva traga o meu amor,
Chove chuva traga o meu amor...

Jovem Guarda

Em breve postarei meus escritos!

Beijos a todos!

Naná

sábado, setembro 30, 2006

Perdedor!


"Olha lá quem vem do lado oposto e vem sem gosto de viver
Olha lá os que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar

Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor
Olha você e diz que não
vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será ?

Eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz."

Os Irmãos

Perder no Simulacro é Vencer. Percamos com convicção! Afinal isto é ou não um Simulacro??? Coisas do Simulacro.....

"Aquele que perder a sua vida a achará"

Mestre

quinta-feira, setembro 07, 2006

Ai se sesse*


Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se

Se jutim nós dois mora-se

Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugir-se


Cordel do Fogo Encantado

Por Zé da Luz, poeta nascido no início do séc XX em Pernambuco, numa cidade chamada Arco Verde.
O pernambucano escreveu essa poesia porque disseram a ele que pra falar de amor haveria de ser através de um português correto.

terça-feira, setembro 05, 2006

Sem definição



Como é bom estar contigo
Ouvir-te roncar no meu ouvido
Depois de ter tirado a minha roupa toda
...Todo fôlego levou

Quero te sentir mais uma vez
Quero te ter perto de mim
Quero ficar pra sempre assim
Com a tua boca

Venha, meu amor!
Será que não consegue ver?
O que falta em mim é a presença de você
Não deixe tudo se perder!

Essa carência só você pode suprir
Por isso não demore a vir
Chegue mais perto e ouça nosso abraço falar...
Um novo começo ainda vai raiar.

Naná Bia

domingo, agosto 27, 2006

Ao amigo que tanto amo...


Esta noite estive pensando e observando o modo como vem agindo e, por este motivo, resolvi te escrever. O que aconteceu com aquele velho amigo que conheci? Por quais vielas andas te escondendo? Em quais telas expões o que há de mais precioso e secreto em ti?

Agora percebo que o que me afasta de ti não é a distância física ou temporal, mas, sim, aquela que não se mede, que enobrece e também desespera. O que me distancia de ti, meu estimado amigo, é a verdade que a tua mentira não te permite enxergar.

Onde está a tua glória? Porque fazes isso contigo?

A tua alma lamenta e chora sem que ao menos percebas. E, acredite, eu choro com ela.

É triste saber que, se vier a ler esta carta, tampouco perceberá que ela se destina a você. Lerá com alguma dedicação, porém, ao afastá-la de teus olhos, o engano continuará a ser o arquiteto de teus dias.

Ainda há tempo, amigo! Rejeite tudo que te parece bom, pois os simulacros distorceram a tua realidade.

Sei que o caminho que antes tivera imagens tão lindas e ares tão puros, hoje te parece insignificante e sem atrativos, mas saiba: este trajeto encontra-se mais fértil que nunca e é, sem dúvidas, aquele que te trará a verdadeira FELICIDADE.

Fuja desse brilho que te seduz, dessa falsidade que te conduz!
Volte a si! Volte pra mim!
Naná Bia

terça-feira, agosto 22, 2006

Um anjo me tocou



Quando chegou já era tarde, notei quando ele ainda estava de costas. Cabelos na altura do ombro, loiro, liso, solto...cheguei mais perto, mas ainda não havia visto o que mais me encantaria.

Fico feliz por esse mundo ser tão pequeno! Um amigo em comum: isso facilitou bastante as coisas, sem contar com a maestria da minha cara-de-pau,claro! Comentei então com os meus amigos que estava absurdamente encantada.

Uma banda tocava no pub aquela noite e, conforme dançava, ia chegando mais perto dele. Em pouco tempo havia ultrapassado todo o limite que me fora concedido e invadi o campo vizinho, onde se encontrava o meu anjo. O lugar não era pequeno e nem estava tão cheio assim, mas eu queria, de alguma forma, chamar a atenção daquele moço de pele alva e suave. E eu continuava esbarrando, torcendo pra que ele emitisse qualquer sinal de irritação e eu pudesse assim me aproximar com um pedido de desculpas.

O que eu não esperava era que os meus amigos fossem tão rápidos. O meu pretendente já sabia de tudo desde o primeiro minuto. No começo deu até uma esnobada, saiu de perto, mas depois voltou.
- Dança comigo?
Foram as primeiras palavras daquele que encantou a minha noite.
Eu sorri e dancei ao som do pop rock que a bandinha tocava...

...PAROU!

Uhmmm....ele me beijou! Que boca maravilhosa! Como é bom quando os beijos se encaixam! Ao abrir os olhos e enxergar de perto aquele rosto angelical, o momento se eternizou, a noite virou um lindo dia e o céu desceu até mim através daqueles lindos e brilhantes olhos azuis. Desejei ter muito mais daquele paraíso.

Continuamos entre danças, beijos e abraços tão acalentadores e, rapidamente, chegou a hora de ir embora. Meus amigos me chamavam, me apressavam. Eu precisava ir, mas não sem antes trocar telefone com aquele que por instantes me tirou de órbita.

A troca de telefones não foi despropositada, no dia seguinte saímos juntos e o firmamento passou a ser o meu habitat. Alguns momentos ruins vieram, mas nada que superasse tudo de bom que passávamos.

Abraços, beijos, carinhos, risadas, lágrimas, lições sobre política, um fim-de-semana juntinhos...Como foi bom dormir ao seu lado!


O tempo nos uniu por três meses, mas com uma brisa a vida soprou e te levou de repente.

O meu anjo não gosta de rimas e poesias, por isso escrevi nessas linhas contínuas.

Sentirei saudade do céu que você me fez conhecer, lindo anjo.

Naná Bia

quinta-feira, agosto 17, 2006

Em frente


Quem conhece a vida não se desespera
Sabe que a busca vive da espera
E não se escandaliza com o fim
Ah! Como eu queria a sabedoria do velho sambista
Que vive a vida a perder de vista
Deixar o ânimo morar em mim.
O caminho não é tão simples como desejamos
E nem difícil como esperamos
Sei que um dia serei feliz assim.
Buscarei a beleza da simplicidade
Cultivarei a mais pura bondade
E trilharei com o perfume da mais fina flor
Despojarei da altivez do meu eu
E seguirei como quem nunca perdeu
O brilho do eterno amor.
Naná Bia

sábado, agosto 12, 2006

A Loucura, O Simulacro, O Deus, O Passarinho....



Desalento. Desespero. Comodismo. Individualismo. Consumismo.
O Ter extrapola o ser.....O ser não mais se reconhece. O ser é confinado às profundezas da alma....Não mais brilha, não mais ilumina a cidade, não mais salga a terra....O ser é desfocado nas luzes do Simulacro. Tentador é o simulacro! O Abismo se torna tão maior quando mais perto chegamos dele.

Sião Irônico. No espetáculo do Simulacro o verdadeiro ser torna-se uma questão de fé....Fica cada vez mais difícil enxergá-lo com os olhos da razão. O verdadeiro ser se torna loucura.


"Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem.
Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens. Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. Nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são........"

O Simulacro tem um cheiro fúnebre........

Cheiro fúnebre de esperança! Existe. Há! Verdade!

Verdade do meu amor por você. Verdade do sol aquecendo minha pele. Verdade do sorriso puro da criança. Verdade do espírito da juventude. Verdade do som revigorante das ondas. Verdade do beijo vivo de amor.....Verdade do amor. O amor de mãe, o amor de pai, o Amor do PAI...

E se vc não acredita no belo fim, ao menos faça um belo caminho. Talvez o caminho é que seja realmente importante.......

O mestre gaúcho.....resume e diz muito mais. Faculdade dos mestres.....

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!"

"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...Eu passarinho!"

sexta-feira, agosto 04, 2006

Definições

Caos. O Caos é um princípio na natureza. O segundo princípio da termodinâmica nos ensina esta verdade. Morte é caos, morte é consequência do segundo princípio da termodinâmica. Morte é entropia.......

Vida. Viga é organização. Célula que se agrega a outra célula que forma um tecido que forma um orgão, como o cérebro. Expressões de organização.

Energia. O que transforma caos em organização, morte em vida. Ou não.....

Energia inteligente. Efetua as transformações com um diferencial. O Propósito.

"No princípio criou Deus os céus e a terra, e a terra era sem forma e vazia, era o caos....."

Propósito.

Acredito que o caos possa ser vencido. Acredito no que venceu o caos. Ora, quem pode vencer o caos?

Energia Inteligente.