sábado, setembro 10, 2011

Migalhas



E depois de tudo (e tudo não é pouca coisa), tem que se contentar com as migalhas que caem da mesa. Tudo é frágil e inseguro, só há neblina, não se vê o horizonte.

O pulso ainda dói, os dedos estão sem joias, o coração sangra sem parar. Não tem médico, não tem remédio nem ninguém que se importe ou ofereça ajuda. Omissão de socorro.

Sem fotos, sem compensações, sem futuro. O que resta é um quartinho pequeno, solitário, longe do romantismo dos ares franceses.

Naná Coutinho

segunda-feira, maio 09, 2011

Do jeito que saiu


Eu sou de sorriso fácil, sou de amar com intensidade, sou de abraçar com força as pessoas que eu gosto. Os meus olhos não me deixam mentir quando estou triste ou feliz; tudo fica explícito e denunciado.

Eu gosto de cores, muitas cores!, gosto é do exagero, da intensidade. Prefiro noites bem vividas às bem dormidas. Tenho vontades súbitas e quando quero, quero pra já, faço agora, vou atrás, sou incansável.

Mas hoje me peguei encolhida no canto da cama, cabelo desajeitado, vestindo um pijama cinza amassado e calçando um par de velhas meias brancas; não consegui amar, não consegui gritar, não saí pra sambar, não abracei ninguém, não senti calor.


Naná Coutinho