domingo, dezembro 27, 2009

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Vergonha não era exatamente o que ela sentia e nem era o que ela deveria sentir, afinal, ela só sentia falta e isso doía, incomodava e a fazia tomar atitudes descabidas, e imaginar coisas para sentir menos...ou sentir mais do que não tinha, sei lá. O fato é que ela estava com a cabeça fodida e fez o que achou melhor, e achou que o melhor fosse tentar uma aproximação, pensou que quando se gosta de alguém, o melhor é estar junto. Não foi assim nos últimos dias, não foi assim no Natal, não será assim quando os fogos de Copacabana estourarem e anunciarem um novo ano e não foi assim lá na festa de casamento, na qual ela encheu a cara para tentar esquecer. Sophia, Sophia...quanta inocência!


A festa foi realmente boa e, na hora, sim, ela conseguiu ignorar um pouco a dor e a falta que Raoni fazia. Uma linda praia, um dia de sol, um quiosque todo enfeitado...Comeu, bebeu, brindou, riu, ficou rica, conheceu gente nova e até esqueceu-se do medo que tem do mar, mas chegou o momento da brincadeira acabar e a vida voltou a ser séria com ela. Ela sentou-se no barco, do qual ela já não tinha mais medo também, apesar da escuridão que a rodeava e a fazia sentir-se tão pequena, tão pouco e seguiu até o porto, onde a realidade voltou a tomar a sua forma monumental e assustadora. Sophia percebeu que a única coisa que o álcool a fez esquecer foi o bom senso. Os momentos de alegria ficaram para trás, ela deixou na ilha, só ficou com a angústia e a saudade que apertavam a sua garganta e a sufocavam. Raoni não estava lá para ajudar. “Maldito amor que se ama, mas não se pode estar junto”, pensou Sophia.

Sophia entrou no ônibus gelado, ainda cheia de areia da praia, e tentou durante toda a viagem encontrar uma posição que fizesse sua cabeça doer menos e se enrolou na canga úmida para sentir menos frio. Tentou dormir, mas não conseguia parar de pensar nele e no quanto a vida estava sendo injusta com ela: “por que me permitir sentir tanto por nada?”. A viagem de três horas pareceu ter durado dias. A primeira coisa que ela fez ao chegar em casa foi ligar para Raoni. Pela sua voz, ele parecia estar bem, tranqüilo e não se importar muito com a ausência de Sophia. Sua vida seguia e ela teve a certeza de que ele fez o que foi melhor para ele, só para ele. Sophia tomou banho, deitou-se na cama, olhou algumas vezes para o celular e o álcool fez o que poderia ter feito de melhor naquele dia: ela caiu rapidamente no sono.

Sophia acordou com uma tremenda ressaca, mas não foi a dor de cabeça que a impediu de levantar-se da cama e, sim, os pensamentos, que a invadiam como toneladas de merda que transbordam de bueiros em dias de tempestade. Ela tentou adormecer novamente, mas dormir também não era a melhor solução, os pesadelos costumavam ser ainda maiores e reais. Ela se virava de um lado para o outro, tentando encontrar o conforto de um abraço que não tinha, arriscava imaginar que quem ela queria estava ali, mas não funcionou, apertava os seus braços em volta de si mesma, apertava o travesseiro com força, mas ele não tinha o cheiro e nem o calor de Raoni, o seu rosto e expressões de criança desprotegida não estavam ali para ela olhar e se encher de felicidade, então chorou, sozinha, com o rosto enfiado entre os lençóis, desiludida por não encontrar um abrigo.

O modo que conto o que se passa com Sophia, provavelmente, não é a melhor forma de contar, talvez não se veja um filme da real dor pela qual ela passa, mas eu só estou aqui quebrando um galho, porque quem sabe contar de verdade não está aqui para ver o que acontece com Sophia, o que aconteceu e o que acontecerá. Se esse conto terá continuidade, não sei, só o tempo dirá. Enquanto isso, Sophia sabe, Raoni e sua sombra serão sempre a sua lembrança.

Naná Coutinho

sexta-feira, novembro 20, 2009

Low Light




Nuvens passeiam.....

Cambaleando, é o que eles dizem.

Ou seria simplesmente o meu jeito?
O vento sopra.

Luz baixa....

Distraí-me.

Luz baixa....

Não consigo ver meu caminho...

Seu perfumado caminho de volta.


Posso ficar aqui sozinho?

Abra uma trilha de volta para casa.

O Sangue corre seco.

Livros e Inveja me enganam.

Tudo o que eu sinto é calma.

Voz desliza.

Luz baixa....

Batida de carro.

Luz baixa!


Não posso vestir minha máscara.

A sua primeira, a minha última.


Vozes se perdem....

Dois pássaros é o que eles irão ver,

Se perdendo em seus caminhos.


Ventos sopram!

Luz baixa...

Visão!

Luz baixa!!!

Eu preciso da luz.

Vou achar esse meu caminho a partir do erro.

O que é real?

Seu sonho, agora entendo.




Música: Low light
Compositor: Jeff Ament (Pearl Jam)
Álbum: Yeld






sexta-feira, junho 26, 2009

sábado, abril 11, 2009

Fraqueza


- Te peguei! Te peguei! - Grita o palhaço da boca borrada.

Ecoa, ecoa, ecoa...