terça-feira, dezembro 23, 2008

Sem sentido



Alguém com sabedoria me disse que as loucuras da vida não podem cegar os nossos olhos e endurecer nosso coração.

A loucura: que mundo insano. As pessoas correm para onde? A mensagem revive: Tudo debaixo do céu é vaidade...

Quanta loucura, quanto cansaço, quanta escravidão, quanta opressão. Opressão de mentes, opressão de idéias, opressão do tempo!

O tempo, uma vida. Queimando o tempo. Para quê? Para quem?

O caminho não importa mais. Queremos o fim. Seja em outra dimensão, seja na vaidade terrena.

Esqueço dos meus passos, e desmanchando rostos da memória só enxergo espelhos. E nessa selva de espelhos me perco, em um labirinto insano, rude, seco.

Ajoelho e rezo. Quero meu caminho de volta. O caminho. O humano. O solo. A argila. O simples.

O agora.

Amém



segunda-feira, outubro 20, 2008

A última Carta


A última carta é dor
O pesar do coração
A morte da esperança que resseca no outono
[Cai]
O peito recolhido em desilusão
Tristeza por um grande amor que se vai
Doces lembranças
Descem tão amargas pela minha garganta

A última carta é o desalento
O desespero que passou
Corpo anestesiado pela dor
A vontade de viver que permanece
Que faz continuar
O desejo de ser mais forte que o fraquejar
[Lutar]
Seguir
Sem você
Com você
Sem te ter em meus braços
Sem os teus abraços pra me confortar
OBRIGADA a desistir da minha maior quimera
[Dor...]

A última carta é lágrima
Pranto real
Final
Tristeza por ter tanto por alguém
Que tão pouco tem por mim
[Entregar-me]
Entregar-te aos beijos de outra
Com quem viverás o que um dia foi nosso
Dividirás uma cama
Somar-se-á em seus braços
Morrerás no último gemido
Darás o teu gozo
Dormirás abraçado

A última carta é um punhal
A amargura cravada
Entrelaçada em meu peito
A agonia que me afasta do teu beijo
Do teu peito
A tua história mais recente
Eu não contarei
É quando vou
É quando você vai
Para não mais voltar

A última carta é a realidade
Dura
Triste
Aquela que vem depois de um sonho perfeito
Real
Que se deseja pra sempre sonhar
Sonho no qual fui tão feliz
A mais feliz das mulheres
Pena que não foste comigo o mais feliz
[Erro meu]
Quanto arrependimento...
Tu merecia
Nós merecíamos...

A última carta é recordação
De tudo que fomos juntos
E até daquilo que não fomos
Que não vivemos
Que viveríamos
A saudade do que não aconteceu
Desejos guardados num baú
Clausura onde se encerra um grande amor
Amor que me fez viver
Que me fez melhor
Que me fez mulher
Amor que fez a rosa branca desabrochar
O amor maior
Como jamais conseguirei de novo amar

Naná Bia

domingo, outubro 19, 2008

O grande


Vai chover de novo, deu na TV
Que o povo já se cansou de tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui que reze ajuda de Deus
Mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim
Vem cá que ta me dando uma vontade de chorar
Não faz assim, não vá pra lá
Meu coração vai se entregar à tempestade
Quem é você pra me chamar aqui se nada aconteceu?
Me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher? Você me parecia tão bem!
A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV que eu vou de vez
Não há porque chorar por um amor que já morreu
Deixa pra lá, eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade.

Santa Chuva - Marcelo Camelo

sábado, outubro 18, 2008

Ausência


Depois dos gritos da flor
Se fez silêncio tão de repente
Uma lacuna, onde o ar se perde
O desespero chega como um presente da dor

A flor só quis se sentir amada
A bailarina mais formosa do jardim
Uma deusa adorada por seu querubim
Mas feneceu por não ser cultivada

A rosa só precisa de água
E de um bom solo para desabrochar
É o mínimo,
É tudo que precisa para não despetalar

Mas o amor da flor se foi
E com um passo em falso a pisou
A sua vida ressecou
Agora, só resta a dor que a corrói

Naná Bia

sábado, abril 05, 2008


Minha fala é como o mar,
Quem mergulha nela,
Aprende a me ver dentro dela,

Escrever na Areia,
Contar Estrela,
Significante pra mim.

Viver a vida a cada instante,
Ter nas veias a paz de um viajante,
Mas ter a luz dos ohos de um pescador,
Tanto entender de onde vem o saber.

Campos verdejantes,
Lindas florestas,
De tudo que é belo em nós,
Todos os segredos,
Sonhos esquecidos,
Tudo que se foi mas voltou.

E como a onda que rasga todo o mar,
Me rasguei de tudo o que vivi,
E no mais íntimo momento de mim,
Encontrei todo amor,
Dele vem o saber.

No mais íntimo momento de mim - Catedral

sábado, março 29, 2008

Anyone Else But You

Musiquinha do filme Juno. Filme bom demais...

Mais um filme para a nossa coleção, morena. Foi bom demais ver esse filme com você...with anyone else but you.

You're a part time lover and a full time friend
The monkey on your back is the latest trend
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

Here is the church and here is the steeple
We sure are cute for two ugly people
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

We both have shiny happy fits of rage
I want more fans, you want more stage
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

You are always trying to keep it real
I'm in love with how you feel
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

I kiss you on the brain in the shadow of a train
I kiss you all starry eyed, my body's swinging from
side to side
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

The pebbles forgive me, the trees forgive me
So why can't, you forgive me?
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

Du dududu dududu du dududu
Du dududu dududu du dududu
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O POETA E A ROSA


E com direito a passarinho


Ao ver uma rosa branca

O poeta disse: Que linda!

Cantarei sua beleza

Como ninguém nunca ainda!


Qual não é sua surpresa

Ao ver, à sua oração

A rosa branca ir ficando

Rubra de indignação.


É que a rosa, além de branca

(Diga-se isso a bem da rosa...)

Era da espécie mais franca

E da seiva mais raivosa


- Que foi? – Balbucia o poeta.

E a rosa: - Calhorda que és!

Pára de olhar para cima!

Mira o que tens a teus pés!


E o poeta vê uma criança

Suja, esquálida, andrajosa

Comendo um torrão da terra

Que dera existência à rosa.


- São milhões! - a rosa berra

Milhões a morrer de fome

E tu, na tua vaidade

Querendo usar do meu nome!...


E num acesso de ira

Arranca as pétalas, lança-as

Fora, como dar comida

A todas essas crianças


O poeta baixa a cabeça

- É aqui que a rosa respira...

Geme o vento. Morre a rosa.

E um passarinho que ouvira


Quietinho toda a disputa

Tira do galho uma reta

E a inda faz um cocozinho

Na cabeça do poeta.



Vinicius de Moraes