quinta-feira, setembro 07, 2006

Ai se sesse*


Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se

Se jutim nós dois mora-se

Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugir-se


Cordel do Fogo Encantado

Por Zé da Luz, poeta nascido no início do séc XX em Pernambuco, numa cidade chamada Arco Verde.
O pernambucano escreveu essa poesia porque disseram a ele que pra falar de amor haveria de ser através de um português correto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito Bom, muito bom...super atual..rsrss..Adoro Cordel do Fogo Encantado...

Anónimo disse...

Lindo! o Cordel é lindo! (sem caetanices)

Pernamuco e seus frutos são maravilhosos.. com jeito brabo, de cabra forte, e poesia na veia, eles transformam o clichê do amor em uma brincadeira de sons.